coisas

Esta exposição quer questionar esse mundo cheio de objetos e realidades materiais. Coisa é tudo o que existe ou pode existir.


Materiais ou imateriais, as coisas fazem parte da vida que queremos viver.


O leitor das coisas que nos cercam descodifica interpretando. Um universo de probabilidades se abre perante os olhos de quem procura. Formas de matéria ou sem ela.

Vale a pena ficar para ver o outro lado da vida, aquele que leva um pouco mais de tempo, que proporciona outro olhar sobre si mesmo e o outro. Um segundo olhar vai sempre mais longe que o primeiro.


Em coisas os dois artistas, Cidinha Ferigoli e Egídio Rocci, nos sugerem que para ver as suas obras é preciso ser leitor, ou seja, participar da obra, não se ater à criação de sentidos.

Nas paredes pequenas formas informes se mostram, se soltam e abrem perante o nosso olhar. Pelo espaço cores, volume, textura se manipulam harmonicamente, a composição foi feita já nas ruas recolhendo objectos, coisas que outros deixaram para trás mas que agora se transformam, recuperando o seu trajeto de vida na forma de uma textura.

O leitor modifica aquilo que o artista pensou que fazia, ao contrário do usuário de um simples objeto, ferramenta ou apetrecho, aqui o visitante precisa de se relacionar com as coisas que lhe são dadas. Elas são carentes de atenção.


Um minuto, é o que pedimos, de silêncio. Não por morte ou por desgosto, mas um minuto de tempo parado, desse que demoramos para descobrir que existe. Lá, nesse tempo, estão as gravuras de Cidinha Ferigoli que saíram de dentro para fora, numa espécie de catarse ou purificação mental, relaxam e se tensionam entre o figurativo e a abstração, fluindo por necessidade alguma coisa guardada até então. E lá também estão os objetos de Egídio Rocci transportáveis, sempre. No limiar do físico e reconhecível para a outra margem.

Quem sabe se visitando a exposição você acaba comprando uma “coisa” que vai demorar muito mais tempo para chegar ao lixo…

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